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As tentativas desesperadas de salvar nosso Estado da crise

Deni Zolin

Foto: Google Maps (Reprodução)

Quando alguém está desesperado em busca de socorro, acaba se apegando a qualquer coisa que possa salvá-lo. É mais ou menos isso o que está ocorrendo com o Rio Grande do Sul. Deputados, principalmente de oposição, alertam que o plano de recuperação fiscal que o governo gaúcho quer assinar com a União será só um alívio imediato, que vai agravar as dívidas do Estado no futuro, e que a venda das estatais tem problemas, como a possibilidade de o governo vender a parte boa e ficar com a dívida bilionária da CEEE. Em parte, parecem ter razão. Porém, para um Estado que está se afogando em dívidas e que não consegue nem pagar os salários (algo básico), as saídas nem sempre são as melhores, mas as viáveis ou possíveis.

Se há 10 ou 20 anos, o Estado tivesse feito a lição de casa e tomado as medidas difíceis quando a situação das contas públicas não era catastrófica, haveria tempo e condições de negociar saídas mais racionais e menos desesperadas.

A situação é complexa e envolve uma série de fatores, mas destaco um que acho essencial: o Rio Grande do Sul não se preparou para ser um Estado empreendedor e focado no desenvolvimento econômico - destaco isso porque é o crescimento da economia que gera empregos e bem mais impostos para equilibrar as contas e bancar serviços públicos e salários de servidores. Dificuldades para abrir empresas, para escoar produção e alta carga tributária são alguns dos graves problemas que fizeram muitas empresas desistirem de investir no Rio Grande do Sul. Exemplo: quanto se ouviu falar que projetos de empresas ficavam um tempão até serem aprovados pela Fepam? O empresário tenta uma vez, tenta duas e, na terceira, vai investir em outro Estado - claro que há casos de projetos mal feitos, mas órgãos essenciais para destravar o desenvolvimento econômico deveriam ser a prioridade principal - além de haver mudanças nas leis.

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Há uma luz no fim do túnel? Sim, se houver mudanças para destravar a economia e investimento pesado em educação básica. Porém, atravessar esse túnel será uma tarefa demorada e muito penosa.

PREFEITURAS PRECISAM AJUDAR
O mesmo vale para as prefeituras, que também atrapalham e travam a economia: setores que deveriam ter efetivo reforçado e processos simplificados são os que liberam alvarás para obras e abertura de empresas, pois são elas que ajudarão as cidades a crescer. O Poupa Tempo foi um avanço, mas não soluciona tudo. Há o caso de um empresário que pediu abertura de empresa em Santa Maria e, um ano depois, desistiu. Acabou encaminhando o processo em Agudo, onde levou só dois meses para receber o alvará. Quando alguém da prefeitura de Santa Maria ligou para dar andamento ao processo, ele avisou que já estava trabalhando e pagando impostos em Agudo - ah, claro que cada caso é um caso e tem peculiaridades, mas isso ajuda a entender como a burocracia atrapalha o crescimento. Outro empresário comentou que levou mais de ano para licenciar a obra de um grande empreendimento em Santa Maria e, por isso, perdeu oportunidades de negócios. Se levasse só dois meses, já estariam sendo gerados quase 100 empregos e impostos há um ano. Se somar o prejuízo de milhares de empresas em todo o Estado, o dano é gigante. Daí, faltará mesmo dinheiro para pagar salários de servidores.

GOVERNO BOM É AQUELE QUE...
Outro problema é que, para a maioria dos servidores públicos e da população, governo bom é aquele que dá reajuste salarial (mesmo que não haja condições de pagar depois) e adota medidas populares, e não aquele que faz o que precisa ser feito. Mas o preço um dia vem, e custa caro. Imagino o desespero de muitos servidores públicos com os salários atrasados e as contas vindo, e o pânico de tantos gaúchos que não conseguem emprego e precisam se virar para sobreviver. E sendo realista: infelizmente, a tendência, ao menos a médio prazo, é tudo isso só piorar.

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